Código Personalizado
Seu Site
Artigos

Fortaleza

Escrito por SSVP

17 ABR 2020 - 19H22

Nestes tempos estranhos de uma nova peste que atinge a humanidade, recordei de um versículo bíblico que diz: “Porque quando estou fraco então sou forte” (2 Coríntios 12,10). A memória me veio, justamente, quando estava refletindo sobre nossos idosos e idosas frente ao novo Coronavírus.

Explico:

não raramente, deparamo-nos com discursos por aí que parecem usufruir de uma

certa ‘liberação dos escrúpulos’. Um deles demonstra certo desdém pelo risco de

morte de nossa população mais idosa, como se fosse aceitável fazer uma avaliação

de que a morte da nossa população mais longeva não deve ser encarada com “tanta

gravidade”. E, por isso, poderia ser considerado um afrouxamento nas medidas de

isolamento/distanciamento social em favor da economia e dos mais jovens.

De

dentro desse discurso, sem escrúpulos, como apontei, existe uma perversa lógica,

segundo a qual, idosos não são produtivos para o mercado, portanto, o

desaparecimento deles seria menos danoso à sociedade. Além disso, alguns dizem

banalizando que “a velhice já é muito vulnerável mesmo”.

Sim,

idosos são mais vulneráveis. Fisicamente. Pois trazem um corpo que carrega

marcas, pesos e danos. Mérito de quem muito já viveu e, principalmente, de quem

a muito já sobreviveu. Mas, precisamos enxergar nosso preconceito para

reconhecer que velhice não é apenas vulnerabilidade.

Justamente,

pelo percurso de vida, pelo atravessar - custoso que é - dos dias, dos anos,

das décadas, eles têm algo precioso a seu favor (e ao nosso): a resiliência.

Resiliência

é um conceito que pegamos emprestado da física, e que justamente diz da

capacidade de um sujeito em lidar com situações mais adversas, superar

problemas e dificuldades e, mais que isso: reagir de forma positiva a eles, sem

entrar em conflito psicológico.

Quem

atravessa a vida e chega a idades longevas, certamente desenvolveu sua própria

resiliência, como uma estratégia de sobrevivência, e como instrumento de

sustentação para enfrentar, habilmente, recomeços. Não apenas o seu recomeço,

mas de um coletivo, de uma comunidade.

Nestes

tempos, em que o real se apresenta nesta face horrorosa de uma pandemia, e nos

obriga a novos modos de funcionamento social, que nos faz frágeis (sem

distinção), com muitas incertezas sobre o futuro, são os idosos que melhor

podem nos oferecer a fortaleza da resiliência que precisamos para atravessar os

dias e ter esperança no futuro.

Nossos idosos são bússolas que apontam para a vida, religando o tempo passado e o futuro, orientando em nós esperança, sabedoria e fortaleza, para que possamos manter-nos vivos, apesar de nossos medos. Da transmissão deles virá nosso futuro. Com eles, jamais sem eles!

Nathália Meneghine

Professora e psicóloga

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por SSVP, em Artigos

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.