Só quem ajuda os pobres e pratica a caridade sem interesses vai entender bem o teor desta crônica. Vamos aqui tentar mostrar, com base na Bíblia e no Catecismo da Igreja Católica, o que os cientistas norte-americanos já provaram: ajudar o próximo faz bem. Faz realmente muito bem a todos nós, não apenas pelos benefícios saudáveis que nosso corpo e mente recebem pelo ato de amor realizado, mas pelo bônus que ganhamos perante Deus por termos sido generosos e solidários.

 

Em Lucas 6 (versículo 38), Jesus assim disse: “Dai e vos será dado”. Ou seja, quanto mais você der a quem precisa, despretensiosamente, mais Deus lhe concederá bênçãos e vitórias na vida. Certas denominações cristãs pregam o contrário, exigindo que Deus nos dê tudo aqui e agora se formos bons dizimistas. Mas na verdade a recompensa, abundante, virá pela prática das obras de caridade junto aos mais pobres. Portanto, quanto mais você der, mais Deus também lhe dará e sua vida será abençoada. Nem sempre vemos os sinais dessa graça, mas elas existem e podem ocorrer anos mais à frente sem que nós percebamos.

Em Atos 20 (versículo 35), São Paulo no ensina que “convém acudir os fracos”, e arremata: “é maior felicidade dar que receber”. Ora, acudir os fracos é exatamente o que os vicentinos realizam quando de suas visitas domiciliares semanais. E todos nós sabemos que alegria é poder ajudar, pois muito aprendemos com nossos “amos e senhores” e com eles é que buscamos nossa santificação pessoal. São Francisco de Assis foi um dos santos católicos que mais praticou essa expressão do “é dando que se recebe” ao falar da “donzela pobreza” e da “irmã caridade”.

Outra passagem contundente está na segunda Carta de São Paulo aos Coríntios (capítulo 9, versículo 10), onde está escrito que “aquele que dá a semente ao semeador e o pão para comer, vos será rica sementeira e aumentará os frutos da vossa justiça”. O texto é claríssimo: se agirmos fazendo o bem, seremos recompensados com muitos frutos. No Evangelho de Marcos (capítulo 10, 29-30), Jesus promete “cem por um e o Reino dos Céus” por causa do Evangelho.

Além de tudo, a prática das obras de caridade perdoa nossas faltas, como disse São Paulo em sua primeira carta aos Coríntios (capítulo 4, versículo 8): “Mantenham entre vós uma caridade ardente, porque a caridade cobre a multidão dos pecados”. O Catecismo também nos ensina que, juntamente com a oração, a penitência e o jejum, a prática das obras de caridade e de fraternidade são fundamentais para a vida do cristão. Mas não podemos nos esquecer que o ato bom (dar esmola), se realizado com base numa intenção má (a vanglória), torna-se mal como citado em Mateus 6, 2-4: “Quando deres esmola, não toques trombeta como fazem os hipócritas, mas que a tua mão esquerda não saiba o que fez a direita”.

Portanto, ajudar os pobres faz bem a quem ajuda, agrada a Deus que nos cumula de bênçãos, cumpre a missão evangélica em alto grau de misericórdia e contribui para a redução das desigualdades sociais que existem em todos os cantos da Terra, antecipando o Reino de Deus entre nós.

Como mensagem final, meditemos no quadro incomparável sobre a caridade que nos deixou o apóstolo São Paulo: “A caridade é paciente, é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho, nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor, não se alegra com a injustiça mas se regozija com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (I Coríntios 13, 4-7).

Renato Lima de Oliveira
16º Presidente-geral da Sociedade de São Vicente de Paulo

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