Atuação dos vicentinos se renova durante o período de isolamento social

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Crédito da Imagem: Divulgação

Os 153 mil membros da Sociedade de São Vicente de Paulo, mais conhecidos como Vicentinos, atuam em todo o território brasileiro, ajudando mensalmente mais de 74 mil famílias em situação de necessidade, idosos que moram nos mais de 600 lares distribuídos por todo o Brasil, enfermos, pessoas que moram nas ruas, crianças, migrantes e refugiados.

A base da atuação vicentina é, por definição, a acolhida aos necessitados e passa, via de regra, pela visita aos necessitados – tanto para levar suprimentos essenciais, como alimento e itens de higiene, como amparo emocional e informação. Com a recente pandemia de coronavírus, no entanto, a instituição viu-se frente a frente com mais um desafio: adaptar seu atendimento para funcionar à distância, em meio às recomendações de distanciamento social, ao mesmo tempo em que viu aumentar a vulnerabilidade econômica e social de muitas famílias.

Tudo aconteceu muito rápido. A mudança de cenário foi de uma hora para a outra, mas conseguimos nos adaptar para seguirmos firmes em nosso propósito. Temos reuniões mensais dos membros, que acontecem em cada cidade em que estamos, que foram transferidas para o universo online com sucesso. A segunda etapa foi reorganizar as visitas e entregas de alimentos, que não podem parar, e, o mais difícil, manter a arrecadação de doações sem a realização de eventos”, conta Cristian Reis da Luz, presidente da Sociedade de São Vicente de Paulo Brasil.

Luz salienta ainda que a carência e pobreza das pessoas com quem os vicentinos lidam não diz respeito apenas à falta de recursos, mas à ausência de informação. Por isso, num momento de crise como o que passamos, em que muitas pessoas perderam emprego, por exemplo, é ainda mais necessário levar amparo, conhecimento e apresentar caminhos, além da assistência básica com alimentos e itens de higiene. “Entendemos que estamos em um momento de construção. E não falamos em reconstrução do passado, pois esse passado já era de muita dificuldade para esses indivíduos. Buscamos a construção de um futuro para eles, então oferecemos apoio na área de cidadania, para que conheçam e busquem seus direitos, e também contribuímos para capacitação e formação, para geração de renda”, aponta.

A ajuda aos idosos, entretanto, sofre com o isolamento social. Responsável pela administração de mais de 600 lares de caridade para idosos, a Sociedade de São Vicente de Paulo se orgulha pelo alto índice de cura daqueles idosos que, por ventura, vieram se infectar, ainda no início da pandemia. Atualmente, lida com a difícil questão que é proteger a saúde dos idosos, por meio do distanciamento social mas, ao mesmo tempo, combater à solidão que a distância e ausência de visitas pode acarretar.

“Os direitos humanos não têm idade. Por isso, nossa motivação é atender também aos idosos, de acordo com as necessidades específicas que cada idade apresenta. Por atuar em muitos lares de caridade, a Sociedade São Vicente de Paulo troca informações sobre a realidade dos idosos para melhor atendê-los. Mas, neste momento, é extremamente difícil lidar com o distanciamento necessário. Os idosos nos pedem por favor para ficarmos um pouco mais, tomarmos um café, jogarmos conversa fora. Mas não podemos neste momento visitá-los. Quem é de fora apenas leva os mantimentos, medicamentos”, conta Victor Carvalho Gomes, Presidente do Conselho Metropolitano de Maringá, PR. “Os idosos merecem cuidados, dignidade e bem-estar. Então. No momento, com equipe mais reduzida possível, tratamos e cuidamos de todos que estão nos lares. Acreditamos que não exista nenhum sofrimento que não possa ser acolhido com cuidado, com empatia”, finaliza.

E se a arrecadação com eventos para ajuda aos idosos caiu, as crianças e adolescentes trataram de se mobilizar – do modo como mais gostam – para vencer os obstáculos. Integrantes da Conferência São Cirilo Alexandrino, de Belo Horizonte, MG, todos com no máximo 14 anos, produziram, com apoio dos orientadores, uma campanha digital para arrecadação de fundos para ajuda aos mais velhos.

“Nós somos pequenos, mas somos muitos!”. É com esse apelo que a pequena Lara Rabelo Bisarria, de 10 anos, consócia da Conferência de Crianças e Adolescentes (CCA) São Cirilo Alexandrino (de Belo Horizonte, MG), convida e motiva a todos a participarem de iniciativa criada pela CCA São Cirilo Alexandrino, uma campanha online em prol dos Lares de Idosos Vicentinos. “Se cada CCA doar um pouquinho podemos ajudar muitas vovós e muitos vovôs dos nossos lares de idosos!”, completa.

“Além de motivar e mobilizar as CCAs para contribuírem com a campanha a favor do CNB, queremos mostrar a força das conferências de crianças e adolescentes brasileiras e aumentar a autoestima dos nossos jovens membros. Na próxima etapa da campanha, faremos mais alguns vídeos mostrando outras CCAs que também já aderiram à campanha”, informou Júlio César Marques de Lima, orientador da CCA.

“Acreditamos que o grande desafio imposto pela pandemia foi o de assumirmos nossa responsabilidade na transformação da sociedade. E mais do isso, fazê-lo de maneira a ouvir os mais necessitados. Passamos por uma crise que, além de saúde, também é social, política e econômica. Não é fácil construir o futuro diante disso. Então, trabalhamos para oferecer oportunidades, respeitando a autonomia e capacidade de iniciativa de todos. E isso passa pelo trabalho de muitos voluntários como nós”, resume Neuza Araújo, vice-presidente da SSVP.

Créditos das Imagens: Divulgação

Emília Zampieri, da redação DECOM

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